domingo, 25 de abril de 2010

" ROCK PROGRESSIVO "


O rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um ambicioso, eclético e muitas vezes grandioso estilo de música rock que apareceu no fim da década de 1960, principalmente na Inglaterra, atingindo o pico da sua popularidade no princípio da década de 1970, porém ainda hoje conquista inúmeros novos ouvintes. O rock progressivo foi um movimento principalmente europeu que bebeu as suas principais influências na música clássica e no jazz fusion, em contraste com o rock estadunidense historicamente influenciado pelo rhythm and blues e pela música country. Ao longo dos anos apareceram muitos sub-géneros deste estilo tais como o rock sinfônico, o space rock, o krautrock, o R.I.O e o metal progressivo. Praticamente todos os países desenvolveram músicos ou agrupamentos musicais voltados a esse gênero e uma boa dose de músicas típicas regionalmente também se inseriu no estilo.

Seus fãs admiram o estilo pela sua complexidade, que requer um alto grau de virtuosismo e entendimento musical teórico por parte dos intérpretes. A crítica muitas vezes (amplamente após o surgimento do punk rock) troça do género por ser demasiado pomposo e complacente. Isto deve-se ao fato de que ao contrário de outros estilos musicais consistentes como a música country ou o hip hop, o rock progressivo é difícil de definir de um modo conclusivo. Robert Fripp líder da banda King Crimson chegou a mostrar de viva voz o seu desdém pelo termo.




Anos 1960: os precursores

O rock progressivo nasceu de uma variedade de influências musicais do final da década de 1960, particulamente no Reino Unido. Entre outros desenvolvimentos, os Beatles e outras bandas de rock psicodélico começaram a combinar o rock and roll tradicional com instrumentos da música clássica e ocidental. Os primeiros trabalhos de Pink Floyd e Frank Zappa já mostravam certos elementos do estilo. A composição "Beck's Bolero", de Jeff Beck e Jimmy Page em 1966, é um retrabalho de "Bolero" do compositor francês Maurice Ravel. A cena psicodélica continuou o constante experimentalismo, começando peças bastante longas, apesar de geralmente sem tanto tratamento quanto à estrutura da obra (como por exemplo em "In-A-Gadda-Da-Vida" de Iron Butterfly).

Pioneiros alemães da música eletrônica como Tangerine Dream introduziram o uso de sintetizadores e outros efeitos em suas composições, geralmente em álbuns puramente instrumentais. Em meados da década de 1960 o The Who também lançou álbuns conceituais e opera rocks, apesar de ser baseado principalmente na improvisação do blues, assim como feito por outras bandas contemporâneas tais como Cream e Led Zeppelin.


Anos 1970: nascimento, auge e queda

Bandas tidas como referência do rock progressivo incluem The Nice e Soft Machine, e apesar das origens terem sido formadas em meados da década de 1960 foi somente em 1969 que a cena estaria se formando concretamente, como evidenciado pela aparição de King Crimson em fevereiro desse mesmo ano. A banda foi seguida rapidamente de outras bandas do Reino Unido incluindo Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson Lake and Palmer e Jethro Tull. Exceto pelo ELP, tais bandas começaram suas carreiras antes do King Crimson, mas mudaram o curso de sua música consideravelmente após o lançamento do álbum In the Court of the Crimson King. A mudança do som do Pink Floyd também foi reflexo da saída de Syd Barrett, o maior compositor da banda entre 1965 e 1967.

O rock progressivo ganhou seu momento quando os fãs de rock estavam em desilusão com o movimento hippie, movendo-se da música popular sorridente da década de 1960 para temas mais complexos e obscuros, motivando a reflexão. O álbum Trespass do Genesis inclui a canção "The Knife", que retrata um demagogo violento, e "Stagnation", que retrata um sobrevivente de um ataque nuclear. O Van der Graaf Generator também abordava temas existenciais que relacionavam-se como o niilismo.

O estilo foi especialmente popular na Europa e em partes da América Latina. Várias bandas fora do Reino Unido que seguiram a trajetória dos britânicos foram o Premiata Forneria Marconi, Area, Banco del Mutuo Soccorso e Le Orme da Itália, além de Ange e Magma da França. A cena italiana foi posteriormente categorizada como rock sinfônico italiano. A Alemanha também produziu uma cena progressiva significante, geralmente referida como Krautrock. Os Tantra e José Cid, cujo disco 10.000 anos depois entre Vénus e Marte é considerado um dos melhores de rock progressivo, protagonizaram o género em Portugal. No Brasil, Os Mutantes combinaram elementos da música brasileira, rock psicodélico e outros sons experimentais para criar um som nada ortodoxo, com letras inspiradas pela fantasia, literatura e história.

Um grande elemento de vanguarda e contra-cultura é associado com o rock progressivo. durante a década de 1970 Chris Cutler do Henry Cow ajudou a formar um grupo de artistas referidos como Rock in Opposition, cuja proposta era essencialmente criar um movimento contra a atual indústria da música. Os membros originais incluiam diversos grupos tais como Henry Cow, Samla Mammas Manna, Univers Zéro, Etron Fou Leloublan, Stormy Six, Art Zoyd, Art Bears e Aqsak Maboul.

Fãs e especialistas possuem maneiras divergentes de categorizar as diversas ramificações do rock progressivo na década de 1970. A Cena Canterbury pode ser considerada um sub-gênero do rock progressivo, apesar de ser muito mais direcionado ao jazz fusion. Outras bandas tomaram uma direção mais comercial, incluindo Renaissance, Queen e Electric Light Orchestra, e são algumas vezes categorizadas como rock progressivo. Através do tempo, bandas como Led Zeppelin e Supertramp também incorporaram elementos não usuais em seu som tais como quebras de tempo e longas composições.


O Rush foi uma banda não européia muito bem sucedida com influências do gêneroA popularidade do gênero atingiu seu auge em meados da década de 1970, quando os artistas regularmente atingiam o topo das paradas na Inglaterra e Estados Unidos. Nessa época começaram então a surgir bandas estadunidenses como Kansas e Styx, que apesar de existirem desde o começo dos anos 70, tornaram-se sucesso comercial após o vinda do rock progressivo às Américas. A banda de Toronto, Rush, também foi muito bem sucedida fazendo um hard rock com influências progressivas, com uma seqüência de álbuns de sucesso desde meados da década de 1970 até atualmente.

Com o advento do punk rock no final da década de 1970 as opiniões da crítica na Inglaterra voltaram-se ao estilo mais simples e agressivo de rock, com as bandas progressivas sendo consideradas pretensiosas e exageradas em demasiado, terminado com o reinado de um dos estilos mais liderantes do rock.[1][2] Tal desenvolvimento é visto freqüentemente como parte de uma mudança geral na música popular, assim como o funk e soul foram subsituídos pela música disco e o jazz ameno ganhou popularidade sobre o jazz fusion. Apesar disso, algumas bandas estabelecidas ainda possuíam ampla base de fãs, como Rush, Genesis, Yes e Pink Floyd, e continuaram regularmente no topo de paradas e realizando grandes turnês. Em torno de 1979, é geralmente considerado que o punk rock evoluiu para o New Wave, e na mesma época o Pink Floyd lançou The Wall, um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.


Anos 1980: o rock neoprogressivo

Os princípios dos anos 1980 assistiram ao revivalismo do género, através de bandas como os Marillion, IQ, Pendragon e Pallas. Os grupos que apareceram nesta altura são por vezes chamados de “neoprogressivos”. Foram amplamente inspirados pelo rock progressivo, mas também incorporaram fortemente elementos do new wave. É caracterizado pela música dinânica, com grande presença de solos tanto de guitarra quanto de teclado. Por esta altura alguns dos grupos leais ao rock progressivo mudaram a sua direcção musical, simplificando as suas composições e incluindo mais abertamente elementos electrónicos. Em 1983 os Genesis alcançam um grande êxito internacional com o single “Mama”, que tinha um forte ênfase na bateria eletrônica. Esta canção foi gravada em um álbum que também celebrizou o clássico "Home by the Sea", que apresentava uma versão com letra e outra instrumental. Em 1984, o Yes alcança um grande êxito com o álbum 90125 e seu hit “Owner Of A Lonely Heart”, que continha (para aquela época) efeitos eletrônicos modernos e era acessível a ser tocada em discotecas e danceterias.


Anos 1990: third wave e metal progressivo


Porcupine Tree após concertoNos anos 1990 outras bandas começaram a reviver o estilo com a chamada third wave, composta por bandas como os suecos The Flower Kings, os ingleses Porcupine Tree, os escandinávo e os americanos Spock's Beard e Echolyn, que incorporaram o rock progressivo no seu estilo único e eclético. apesar de não soar igual, tais bandas estão muito relacionadas com os artistas da década de 1970, considerados por alguns inclusive uma fase retrô do estilo.

Na mesma época houve o surgimento do metal progressivo, um estilo comercialmente bem sucedido que também derivou vários elementos do rock progressivo, incorporando também elementos do heavy metal. Isso trouxe para o estilo uma maior técnica, fruto de uma aprendizagem acadêmica, capacitando-as a explorar músicas longas e álbuns conceituais. Bandas do estilo incluem Tool, Dream Theater (Estados Unidos), Ayreon (Países Baixos), Queensrÿche (Estados Unidos), Opeth (Suécia), Symphony X, Pain Of Salvation, Fates Warning, Ark e A.C.T (Suécia). Bandas da década de 1970 frequentemente citadas como referência para o metal progressivo coincidem com as mais bem sucedidas, tais como Yes, Rush, Pink Floyd e Genesis.

No trabalho de grupos contemporâneos como os Radiohead e bandas post rock como Sigur Rós e Godspeed You! Black Emperor, estão presentes alguns dos elementos experimentais do rock progressivo. Entre os músicos mais experimentalistas e de vanguarda, o compositor japonês Takashi Yoshimatsu cita o rock progressivo como sendo a sua primeira influência.

Na última década e meia surgiram, no mundo inteiro, vários festivais dedicados ao género. Como exemplo cite-se o prestigiado festival português Gouveia art rock que se realiza desde 2003 e é já considerado um evento de referência em todo o mundo.

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